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Medicamentos permitidos no Brasil, proibidos no exterior

medicamentos proibidos em outros países

Você já parou para pensar por que certos medicamentos disponíveis nas farmácias brasileiras não podem ser vendidos ou sequer utilizados em outros países? A resposta envolve uma complexa rede de fatores que vai desde critérios científicos e sanitários até interesses econômicos e culturais.

Neste artigo, vamos entender as principais razões por trás dessas divergências regulatórias, quais são alguns dos medicamentos mais polêmicos e o que isso revela sobre os sistemas de saúde ao redor do mundo.

Como funciona a regulação de medicamentos no Brasil

No Brasil, o órgão responsável pela aprovação, fiscalização e controle de medicamentos é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Antes de um remédio chegar às prateleiras, ele precisa passar por um rigoroso processo de avaliação que envolve:

  • Estudos clínicos (fase 1, 2 e 3);
  • Avaliação de eficácia e segurança;
  • Análise de riscos e benefícios;
  • Estudo de impacto na saúde pública.

No entanto, cada país possui sua própria agência reguladora. Nos EUA, é a FDA (Food and Drug Administration). Na Europa, a EMA (European Medicines Agency). E cada uma adota critérios diferentes.

Por que um medicamento pode ser proibido em um país e liberado em outro?

Essa diferença geralmente ocorre por motivos como:

  • Resultados divergentes em estudos clínicos;
  • Reações adversas em populações específicas;
  • Falta de comprovação científica suficiente;
  • Pressões políticas e econômicas;
  • Diferenças culturais e de jurisprudência sanitária.

Um bom exemplo é quando um medicamento apresenta efeitos colaterais graves em determinada população e, por isso, é suspenso naquele país, mesmo sendo liberado em outros.

Casos emblemáticos de medicamentos permitidos no Brasil e proibidos em outros países

A seguir, listamos alguns dos exemplos mais conhecidos:

1. Dipirona (Metamizol)

  • Permitido no Brasil;
  • Proibido nos EUA, Reino Unido e Suécia;
  • Motivo: risco de agranulocitose (redução drástica de glóbulos brancos);
  • No Brasil, é amplamente usado como antitérmico e analgésico presente em medicamentos como Novalgina.

2. Hidroquinona

  • Usada em cosméticos clareadores no Brasil;
  • Proibida em países da União Europeia;
  • Motivo: suspeita de ação cancerígena em longo prazo e risco de ocronose.

3. Fenilpropanolamina (PPA)

  • Presente em alguns descongestionantes e inibidores de apetite no Brasil até 2000;
  • Proibido nos EUA desde 2000;
  • Motivo: associação com AVC hemorrágico.

4. Anfepramona

  • Aprovada pela ANVISA como inibidor de apetite;
  • Proibida na Europa;
  • Motivo: riscos cardiovasculares e psiquiátricos.

5. Rimonabanto

  • Liberado por um tempo no Brasil;
  • Banido pela EMA e FDA;
  • Motivo: aumento de risco de depressão e suicídio.

É importante destacar que, ao viajar para países europeus, é necessário verificar com antecedência se o medicamento de uso pessoal é permitido no país de destino, mesmo com receita médica.

medicamentos proibidos em outros países

O papel da farmacovigilância

Mesmo após a liberação, os medicamentos continuam sendo monitorados por meio de sistemas de farmacovigilância. Eles observam:

  • Reações adversas relatadas;
  • Incidência de efeitos colaterais graves;
  • Dados de longo prazo na população.

Esses dados podem levar à reavaliação de um medicamento, o que já ocorreu diversas vezes na história da medicina.

A influência de interesses econômicos e lobby

Infelizmente, nem todas as decisões são puramente técnicas. A indústria farmacêutica movimenta bilhões de dólares, e o lobby pode influenciar diretamente decisões sobre:

  • Inclusão ou retirada de medicamentos;
  • Manutenção de registros mesmo com eficácia duvidosa;
  • Campanhas de marketing que influenciam prescrições médicas.

Por isso, a transparência e a vigilância social são tão importantes na área da saúde.

Efeitos da automedicação em um cenário com tantos contrastes

No Brasil, a automedicação ainda é uma prática comum, o que agrava o impacto de medicamentos de risco. Quando um medicamento é permitido, muitos interpretam isso como “seguro”, mesmo sem prescrição médica.

Essa percepção pode ser perigosa, principalmente quando:

  • uso prolongado;
  • O paciente mistura medicamentos;
  • O produto tem risco elevado de efeitos adversos.

A importância da formação médica para interpretar essas diferenças

É papel das instituições de ensino, como a UNDB, formar profissionais que saibam:

  • Interpretar bulas com senso crítico;
  • Analisar protocolos internacionais;
  • Entender a lógica das evidências científicas;
  • Orientar pacientes com base em dados, e não em suposições ou modismos.

Na prática médica, essa formação se traduz em segurança para o paciente e responsabilidade ética do profissional.

O que os estudantes de Medicina podem aprender com esses contrastes?

Esse tipo de análise ajuda os estudantes a:

  • Desenvolver pensamento crítico;
  • Questionar práticas consagradas;
  • Estudar epidemiologia aplicada;
  • Entender como a política de saúde afeta o acesso e o uso de medicamentos.

Esses conhecimentos são fundamentais em um mundo globalizado, onde um profissional pode atuar em diversos países e precisa estar preparado para enfrentar realidades distintas.

O impacto das redes sociais na percepção sobre medicamentos

Com o crescimento das redes sociais, muitos medicamentos ganham popularidade ou são alvo de polêmicas, mesmo antes de terem respaldo científico sólido. Influenciadores digitais, relatos pessoais e conteúdos virais podem criar expectativas ou receitas sobre remédios que ainda estão sendo avaliados pelas autoridades sanitárias. 

Essa exposição pode pressionar órgãos reguladores e influenciar pacientes a se automedicarem com base em informações imprecisas.

A importância das políticas públicas baseadas em evidências

Para evitar a liberação ou manutenção de medicamentos potencialmente perigosos, é essencial que as políticas públicas de saúde sejam pautadas por evidências científicas sólidas. 

A adoção de protocolos baseados em estudos clínicos robustos e revisões sistemáticas contribui para decisões mais seguras, beneficiando a população e fortalecendo a confiança no sistema de saúde.

O desafio de compreender a segurança dos medicamentos no cenário global

Saber que um medicamento é liberado no Brasil, mas proibido em outros países, não deve gerar pânico, mas sim reflexão. Cada país adota critérios próprios, e cabe aos profissionais de saúde entender essas regras para garantir o uso consciente e seguro de qualquer substância.

A formação médica de excelência, como a oferecida pela UNDB, prepara futuros médicos para enfrentar essas complexidades com conhecimento técnico, responsabilidade social e compromisso com a vida.

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